Produto vendido como ativador do brinquedo, bórax pode causar náuseas, vômitos, cólicas abdominais e até choque cardiovascular.
“Uma brincadeira comum entre crianças, que para muitos parece inofensiva, se tornou motivo de muita dor e angústia para nossa família”, escreveu a moradora de Brasília.
A pequena foi diagnosticada com insuficiência renal e internada às pressas na UTI, chegando a ficar com menos de 40% da função dos rins.
Segundo a Anvisa, o bórax não é regulamentado pela Agência como ativador de slime.
Trata-se de um produto químico autorizado para diversas finalidades, como em fertilizantes, produtos de limpeza e até mesmo em medicamentos. Entretanto, se inalado ou ingerido, pode causar intoxicação.
Bórax vem sendo utilizado e vendido de forma inadequada como ativador de slime – Foto: Reprodução
O uso inadequado do bórax pode provocar náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia com coloração azul/esverdeada, cianose (pele, unhas e lábios azulados ou acinzentados) e queda de pressão, perda da consciência e choque cardiovascular.
Em 2002, a Anvisa proibiu um brinquedo chamado “Meleca Louca” por causa da presença do bórax.
“Por isso, seu uso deve ser restrito para as finalidades autorizadas e nas doses recomendadas pelas autoridades competentes. Por se tratar de um produto químico, não deve ser manipulado por crianças”, destaca o órgão.
Orientações da Anvisa em caso de intoxicação:
Não provoque vômito, Não ingira água, leite ou qualquer outro líquido. Ligue para o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) local. Se recomendado pelo atendente do centro, busque atendimento médico com urgência
Intoxicação foi confundida com virose e constipação
Conforme o relato da mãe de Laysla, a menina começou a reclamar de dores na barriga após começar a “fabricar” slime com frequência.
“Os médicos sempre tratavam como virose ou constipação. Depois, apareceram muitas machas na pele e os médicos diagnosticaram como dermatite atópica”, contou.
Quando as dores se intensificaram, a família levou Laysla para a emergência, com a criança gritando.
“No hospital, logo no primeiro exame de sangue, ela foi diagnosticada com insuficiência renal e internada às pressas na UTI! No atendimento com nefrologista, fomos informados que ela estava com menos de 40% da função renal”, relatou Thamires.
“Exames de sangue e urina tiveram que ser feitos com urgência em São Paulo e nenhum explicava a diminuição da função renal. Os rins dela estavam parando de funcionar! Foram longos três dias de UTI, e somente analgesia com morfina passava as dores dela”, continuou a mãe.
Após dias de investigação, Laysla começou a reagir. “Ninguém conseguia chegar a um diagnóstico. Tudo apontava para a necessidade da minha filha fazer biópsia do rim e diálise”, contou Thamires.
Somente no sétimo dia de internação, os médicos descobriram que o quadro da menina foi causado por intoxicação por bórax.
“Sempre achamos que nunca vai acontecer com a gente! Só quem é pai e mãe entende o desespero que é ver seu filho gritando de dor e sentir na pele a impotência de não poder fazer nada, apenas orar e pedir a Deus que acabe logo com aquilo tudo”, lamentou Thamires.
Segundo a mãe, Laysla já recebeu alta e está em casa se recuperando.
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